O segmento de Energia Elétrica é considerado um setor perene dentro da economia, entretanto devido os efeitos do Coronavírus, as empresas do setor de Distribuição já estão sentindo os reflexos da inadimplência por porte dos consumidores. Exemplo recente foi os resultados da Cemig (CMIG3) e Energias do Brasil (ENBR3) que apresentaram queda no lucro líquido no 1T2020.

Nesse sentido, o Governo divulgou na noite de segunda-feira (18/05/2020) um decreto que prevê um apoio às Distribuidoras de Energia Elétrica, também chamado "Conta-Covid". Os financiamentos serão tomados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e esse recurso será utilizado para antecipar as receitas das empresas ou cobrir déficits nos balanços.

O valor dos empréstimos não foi divulgado, porém ficará a cargo da Agência de Energia Elétrica (ANEEL) definir tanto o volume total de captação junto aos bancos quanto o valor mensal à ser repassado à Conta-Covid das distribuidoras. À princípio, essa operação será válida de Abril até Dezembro de 2020.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a Conta-Covid vai beneficiar também os consumidores de energia elétrica, uma vez que irá poupá-los de aumentos tarifários sob pena de equilibrar a situação financeira das concessionárias de distribuição. Acho pouco provável, visto que em nosso país todo e qualquer tipo de custo é sempre repassado ao consumidor final.

Contrapartida

Para ser aceite no programa, as empresas precisam estar cientes e aceitarem algumas condições, recomendo a leitura do Decreto na Íntegra, dentre elas uma em especial me chamou a atenção:
  • Em caso de inadimplência setorial, as empresas deverão distribuir somente 25% do lucro líquido em forma de dividendos, conforme é previsto em lei. 
Ou seja, em caso de crise generalizada no setor, ou seja, se chegarmos ao ponto do consumidor, em sua maioria, não conseguir pagar a conta, haverá essa limitação na distribuição de dividendos. 

Não acredito que chegaremos nesse colapso total, contudo o investidor focado em dividendos precisa estar ciente de que seus dividendos poderão ser reduzidos substancialmente durante esse período de crise que, infelizmente, não sabemos até quando irá se estender.